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 O novo perfil do viajante protegido: o seguro viagem agora também é para quem não cruza fronteiras

Durante muito tempo, o seguro viagem foi visto como um item exclusivo de quem embarcava para fora do país. Era uma exigência burocrática de fronteira, um papel na mala que servia para cumprir normas internacionais — especialmente as do Tratado de Schengen, que obriga viajantes a comprovarem cobertura médica mínima de 30 mil euros para circular por países da União Europeia.

Mas esse cenário mudou de forma significativa. Dados recentes da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV) indicam que as contratações de seguros viagem nacionais cresceram 40% desde 2023. É um número expressivo que reflete uma transformação cultural: o brasileiro passou a compreender que imprevistos não escolhem destino — e que o seguro pode ser tão necessário em Florianópolis quanto em Paris.

O impacto da pandemia no comportamento do viajante

A pandemia de Covid-19 foi o divisor de águas dessa mudança. As incertezas em torno da saúde e das viagens levaram o turista a repensar o conceito de segurança. O fechamento das fronteiras, o aumento dos custos hospitalares e a instabilidade nos serviços aéreos reforçaram a importância de ter suporte em situações imprevistas.

Mesmo após o fim das restrições, os reflexos permaneceram. A valorização das viagens nacionais, aliada à busca por destinos de natureza e experiências ao ar livre, impulsionou a contratação de seguros para deslocamentos dentro do próprio país.

Em regiões turísticas com infraestrutura médica limitada — como ilhas, serras e áreas de ecoturismo —, um simples acidente de trilha pode exigir remoção aérea, internação ou transporte entre cidades. Nesses casos, o seguro viagem garante cobertura para despesas hospitalares e emergenciais, muitas vezes inacessíveis para quem depende apenas do sistema público de saúde.

O viajante híbrido: lazer, trabalho e mobilidade

Outro fenômeno que vem sustentando esse crescimento é o avanço do trabalho remoto. Profissionais que antes tinham uma base fixa agora dividem o tempo entre cidades, adotando um estilo de vida mais móvel. Os chamados nômades digitais — que vivem conectados, trabalhando de cafés, praias ou pousadas — estão entre os principais novos consumidores do seguro viagem.

Para esse público, as seguradoras criaram planos de longa duração, que podem cobrir períodos de até um ano e incluir proteção para equipamentos de trabalho, como notebooks, câmeras e celulares. É um movimento que amplia o conceito de proteção, unindo saúde, tecnologia e bens materiais em um único contrato.

Além disso, os pacotes corporativos também evoluíram. Empresas que adotaram o modelo híbrido começaram a incluir o seguro viagem em suas políticas internas, garantindo cobertura para colaboradores em deslocamentos entre sedes, eventos e reuniões fora da cidade de origem.

Quanto custa proteger-se no território nacional

No cenário doméstico, a proteção é mais acessível do que se imagina. Planos nacionais partem de cerca de R$ 10 por dia, com coberturas que incluem assistência médica e odontológica, cancelamento ou interrupção de viagem, extravio de bagagem, atraso de voo e retorno antecipado por motivos de saúde ou emergência familiar.

Há ainda opções de cobertura para gestantes, idosos, viagens em grupo e práticas esportivas, ajustadas conforme o perfil e o destino do viajante. Essa flexibilidade é resultado de um mercado em amadurecimento, que se tornou mais competitivo e digitalizado.

Pessoa com um mapa na mão

Personalização e tecnologia no setor de seguros

Nos últimos anos, o avanço da tecnologia permitiu que as seguradoras oferecessem planos cada vez mais personalizados. Plataformas digitais e aplicativos passaram a utilizar inteligência artificial para identificar o comportamento de compra, sugerir coberturas específicas e até precificar o seguro de forma dinâmica, conforme o tipo de viagem.

Essa personalização trouxe mais transparência e conveniência. Hoje, o viajante pode contratar, acompanhar e acionar o seguro diretamente pelo celular, com atendimento em português 24 horas por dia, mesmo em regiões remotas.

De acordo com a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), as empresas que digitalizaram seus processos de atendimento e reembolso registraram redução de até 30% no tempo médio de resposta ao cliente e aumento de 25% na taxa de renovação de apólices.

Um novo olhar sobre o que é “viajar com segurança”

A busca por proteção também acompanha um amadurecimento social. O viajante brasileiro aprendeu a considerar o seguro não como um custo adicional, mas como parte essencial da experiência de viagem. A ideia de que “nada vai acontecer” perdeu força diante de histórias reais — desde extravios de bagagem até emergências médicas simples, mas caras.

Além da assistência médica, o seguro viagem oferece algo intangível: a tranquilidade de saber que há suporte quando algo foge do planejado. Para quem viaja com crianças, idosos ou pets, essa segurança tem valor emocional inestimável.

Os especialistas afirmam que o mercado de seguros, antes restrito às grandes operadoras e agências, está se democratizando. Hoje, startups e insurtechs brasileiras oferecem planos acessíveis, contratação online e suporte humanizado, aproximando o serviço das novas gerações de viajantes.

A nova mentalidade do viajante moderno

O seguro viagem, que antes era visto como um item opcional, se tornou um companheiro constante da jornada. O viajante moderno — mais consciente, digital e conectado — entende que segurança é parte da liberdade de explorar.

O ato de viajar mudou. Não se trata mais apenas de chegar a um destino, mas de garantir que a experiência seja vivida com conforto e previsibilidade, mesmo diante do inesperado.Nesse novo cenário, o seguro viagem deixou de ser uma formalidade de quem cruza fronteiras e passou a representar um pacto silencioso entre o viajante e o seu pr

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